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Gráfica busca alternativa à receita com nota fiscal19/04/2009
A obrigatoriedade de adaptação das empresas ao Projeto Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), instituído pelo Governo Federal, tem levado o setor gráfico a buscar formas criativas para manter uma receita importante para seus orçamentos.Há quatro anos o setor acompanha de perto a evolução dessa mudança, que vem para ampliar o controle fiscal do Estado sobre as empresas. E o que parecia uma economia inicial, com o fim dos talões, acabou se transformando em custos para impressões a laser feitas internamente, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf). “Aos poucos vem se difundindo o impacto real da nota eletrônica e a necessidade de geração do Danfe (Documento Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica), mas a adoção está mais lenta do que imaginávamos”, diz Fábio Arruda Mortara, presidente da Abigraf. Segundo a entidade, o segmento de notas representa cerca de 10% na composição do PIB do setor. A maior parte mesmo fica por conta das embalagens. “Por isso, o setor gráfico continua otimista para 2009.” Mesmo assim, a subsidiária brasileira da RR Donnelley Moore, maior gráfica do mundo resolveu agir para não perder um segmento que representa cerca de 25% de sua receita no País, onde está desde 1995. De olho na rentabilidade, a companhia norte-americana – fundada em Chicago (EUA), em 1864, e que fatura cerca de US$ 13 bilhões globalmente – fechou uma parceria com a Totvs, líder brasileira em desenvolvimento de software de gestão empresarial, e juntas desenvolveram uma solução via web que interliga o sistema da Receita Federal aos sistemas de gerenciamento das companhias. “Sabíamos que era um grande equívoco imaginar que a nota eletrônica eliminaria o papel, até porque as mercadorias precisam circular com um documento”, afirma o diretor comercial da RR Donnelley Moore, Amilton Garrau. Além disso, a companhia percebeu que, para empresas grandes, cujo volume de notas fiscais gerado todos os dias é muito alto, era praticamente impossível utilizar o sistema da Receita para a nota e depois ter de digitar tudo de novo nos sistemas internos para a contabilidade. “O sistema da Receita é muito simples, mas não é integrado ao sistema de gestão, que controla estoque e faz a contabilidade. Na verdade, ele é apenas uma ferramenta mais eficiente de fiscalização para o governo”, explica. O Moore Advantage nasceu exatamente para fazer essa interface entre as duas realidades, pois faz a comunicação do sistema do fisco, incluindo cálculo de impostos, e o da empresa. Além disso, já é homologado pela Receita Federal. O novo produto implicou para a empresa gráfica na revisão completa dos processos de vendas, levando a um treinamento para toda a força de venda, formada por 400 pessoas, num investimento total de R$ 1 milhão. “Mais do que vender, nossa equipe prestará uma consultoria, o que é muito diferente do que fazia antes“, explica Garrau. A vantagem da Donnelley, de acordo com o executivo, é que a empresa sempre foi uma referência no segmento fiscal, com cerca de 35% do mercado. Quando percebeu que seria inevitável fazer alguma coisa, o grupo buscou um parceiro que lhe complementasse, oferecendo um software sob medida para pequenas e médias empresas, cujo investimento fosse baixo. “O cliente só precisa acessar o sistema via web e se ele tiver software de gestão o produto se integra, mas não é necessário”, diz. No total, já foram investidos cerca de R$ 3 milhões no projeto total da nota fiscal eletrônica e o objetivo é atender pelo menos 50 mil clientes em dois anos. Deste total, a Donnelley estima que 30 mil deles devam ser formados por clientes atuais que migrarão para o novo sistema e outros 20 mil em novos clientes conquistados. Em dezembro de 2008, a NF-e passou a ser obrigatória para fabricantes de automóveis, cimento, frigoríficos e atacadistas, fabricantes de bebidas alcoólicas e refrigerantes e de ferro-gusa, entre outros. A partir de abril de 2009, será obrigatória para empresas que atuam nas áreas de bebidas, tintas, derivados de petróleo, autopeças, álcool, alumínio e fumo. Empresas fabricantes de cigarros; produtores, formuladores e importadores de combustíveis líquidos, distribuidores de combustíveis líquidos, transportadores e revendedores retalhistas também já se adequaram e utilizam a NF-e. Os prazos para adaptação de outros setores ainda serão anunciados pelo governo. Livros Segundo Garrau, há muitos anos o mundo digital vem interferindo no mundo gráfico. “Hoje já temos livros sendo impresso um a um, conforme a demanda”, explica. Mas isso também é benéfico, afirma ele, porque tirou coisas do Garrau, da Donnelley: “Era um grande equívoco imaginar que a nota eletrônica eliminaria o papel” mundo gráfico que ele não conseguia resolver, como impressões menores. Porém, o uso de papel não diminuiu por causa disso. “Pelo contrário. O que era impresso nas gráficas hoje é impresso nas casas das pessoas”, diz. E, apesar disso, a Donnelley consumiu, em 2008, mais papel que em todo o tempo de Brasil, segundo o executivo. “Claro que haverá um impacto em 2009 com a aceleração da nota eletrônica, mas será trabalhado com venda do novo serviço, único no mundo, e que servirá de benchmarking para outras subsidiárias”, explica Garrau. A Donnelley traçou uma longa trajetória nos EUA. Já em 1928 imprimiu cerca de 200 mil exemplares da revista Time, conquistando o mercado editorial de elevadas tiragens. Somente a partir da década de 1980 iniciou expansão internacional. Chegou ao Brasil em 1995 e hoje possui cinco fábricas no País: em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, uma nova unidade em Pernambuco.
Gazeta Mercantil
ANNA LÚCIA FRANÇA |
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