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Saúde e o salário do prefeito04/11/2008
MOACYR PERCHE - Correio Popular Digital em 4/11/08 Uma pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) no ano passado mostra que o mercado de trabalho, para um profissional com cinco anos de inserção, paga mensalmente cerca de R$ 9 mil por 20 horas semanais no SUS, 20 horas no consultório/hospital e 12 horas de plantão. Não é mera coincidência que 50% dos médicos da Prefeitura tenham menos de cinco anos de casa, isso mostra um alto índice de rotatividade: conforme ele se estabelece no mercado de trabalho vai se dedicando ao vinculo que lhe traz mais perspectiva de crescimento profissional e benefícios, o que o leva a sair da Prefeitura. Com um teto salarial que beira R$ 8 mil, o profissional vê sua carreira e salário engessados logo nos primeiros anos de trabalho. Essa falta de perspectiva de crescimento no serviço público leva a outra distorção: a prefeitura não consegue contratar e manter médicos com jornada integral. A grande maioria tem jornada de 20 horas semanais e divide sua dedicação com o setor privado ou até em outras prefeituras. Por solicitação do Sindicato dos Médicos de Campinas e Região (Sindimed), da Associação dos Auditores Fiscais da Prefeitura de Campinas, da Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Prefeitura Municipal de Campinas e da Associação dos Procuradores Municipais de Campinas, a Câmara Municipal criou uma Comissão Especial de Estudos e está debatendo o salário do Prefeito, que também é o teto salarial do município. Hoje o teto salarial da Prefeitura de Campinas é metade do valor do de Valinhos, mesmo com um orçamento dez vezes superior, indicando uma enorme desproporção dos critérios que determinam o salário do Prefeito. A insistência em manter na cidade de Campinas um teto salarial para o funcionalismo num nível abaixo do praticado no mercado acena para os profissionais com a mensagem: “Venham trabalhar aqui e quando vocês tiverem dedicado boa parte de sua vida ao serviço público eu desconto do pagamento de vocês!”. Essa situação beira a irresponsabilidade e a sociedade organizada tem o dever de exigir condições para a formação de um corpo de funcionários públicos com a qualidade que Campinas merece, com perspectiva de carreira e competitividade no mercado. Hoje existem mais de 250 servidores, entre médicos e outros, que recebem seu comprovante de pagamento com o desconto da diferença entre o valor devido e o valor do teto salarial. Cerca de 120 outros profissionais, entre aposentados e ativos, já garantiram na justiça o direito de receber o que lhe é devido. A Secretaria de Recursos Humanos da Prefeitura apresentou estudos mostrando que um servidor, ao fim de 35 anos de serviços prestados, pelo Plano de Cargos e Salários, teria direito a R$ 13.500,00. No caso dos médicos, por exemplo, não foi considerado nesse cálculo as verbas referentes a Condições Adversas de Trabalho e outras que são utilizadas para estimular a fixação de profissionais nas unidades mais distantes, mais pobres, mais violentas e mais necessitadas. Um médico dessa unidade, quando tiver direito a receber acima do teto, vai ter descontado na folha o que lhe é devido pelo esforço, compromisso e dedicação. Na mesma situação podem ficar os auditores fiscais que recebem Premio Produtividade ou os engenheiros que recebem Regime de Quiilometragem para fiscalizar obras. A média dos tetos salariais de capitais brasileiras com mais de um milhão de habitantes é de R$ 16.500,00. Com esse valor, praticamente todos os casos de servidores com distorções salariais se resolveriam naturalmente. Dessa maneira, além de criar uma perspectiva de carreira real e competitiva, a municipalidade deixa de arcar com despesas advocatícias de processos dessa natureza, preservando o erário público para o bem comum. Dr. Moacyr Perche é presidente do Sindicato dos Médicos de Campinas e Região |
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